sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A PELE.


Fazia mais de uma semana que Malcon não saia de casa. Depois daquela festa, sua alma parecia não ter mais vitalidade. Morava sozinho e não queria saber se era dia ou noite. Mantinha as pesadas cortinas fechadas. Os únicos barulhos que se ouviam eram do grande relógio carrilhão centenário, dos pingos d’água da pia do lavabo e, vez ou outra, de alguma carruagem que passava por ali, talvez de vendedores de leite ou lenha que, vendo a casa fechada, seguiam sem ao menos pararem. Sua aparência era horrível. Nem parecia o vistoso Malcon que impressionava por sua inteligência e presença nos melhores lugares da cidade. Estava muito abatido, com a barba já crescida nestes sete dias sem ao menos tomar banho. Cabelos sujos engordurados mantinha seu corpo envolto em um robe de chambre, sentado na sala de estar. Já não sabia quantas garrafas de absinto havia bebido. Mantinha-se bêbado pois assim estaria fora da realidade que o abatera. A casa estava toda fora de ordem, com restos de comida por todos os lugares, móveis fora do lugar, peças de decoração quebradas em cacos que se misturavam aos de garrafas lançadas contra as paredes. As velas dos candelabros estavam terminando. Para ele, pouco importava. Queria mesmo que sua vida terminasse quando a última chama se apagasse naturalmente.PARA CONTINUAR A LER ESTE E OUTROS CONTOS, CLIQUE AQUI.

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