As vitrines ali e eu, cansado de buscar não sei o que,
olhando a disformidade de minha imagem tal espelhos de parque de diversões
mambembe. Mas, é verdade. Não sou mais quem acho que sou. A idade é cruel e
agora, por um rápido lampejo, vejo minha real imagem. Me assusto. Não tem
volta. O narcisismo cai no chão e me desespero silenciosamente. Com um sorriso
disfarçado, me lanço na felicidade dura dos manequins da vitrine. Sempre
jovens, com as melhores roupas, invejados em suas formas. Mas, como eu, preso em
minhas imagens distorcidas, eles estão presos em suas vitrines. Eles vêem a
vida passando com seus olhos de vidro. Eu envelheço. Sigo em frente a caminho
do final certeiro. Eles ficam olhando. Nas vitrines.
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