segunda-feira, 22 de junho de 2015

Manequim

As vitrines ali e eu, cansado de buscar não sei o que, olhando a disformidade de minha imagem tal espelhos de parque de diversões mambembe. Mas, é verdade. Não sou mais quem acho que sou. A idade é cruel e agora, por um rápido lampejo, vejo minha real imagem. Me assusto. Não tem volta. O narcisismo cai no chão e me desespero silenciosamente. Com um sorriso disfarçado, me lanço na felicidade dura dos manequins da vitrine. Sempre jovens, com as melhores roupas, invejados em suas formas. Mas, como eu, preso em minhas imagens distorcidas, eles estão presos em suas vitrines. Eles vêem a vida passando com seus olhos de vidro. Eu envelheço. Sigo em frente a caminho do final certeiro. Eles ficam olhando. Nas vitrines.

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